Enquanto desperdiçamos nosso precioso
tempo e argumento, para atacar ou defender respectivamente o pastor Marcos
Feliciano e o deputado Jean Wyllys, acerca de um debate já gasto e cansativo sobre
sexualidade e religiosidade, nossos governantes continuam suas atrocidades com
a camada mais desprezada da nossa sociedade, a pobre.
Quem assistiu aos telejornais ontem (26/03/2013),
viu mais uma vez a tropa de choque ser utilizada para massacrar populares a fim
de “reintegrar” a posse em um terreno no Jardim Iguatemi. Naquele local,
encontram-se setecentas famílias que durante quase duas horas resistiram às
investidas covardes da policia militar.
As cenas atrozes ainda estão na minha cabeça, como a de uma mulher grávida atingida por uma bomba de gás e a de uma menina que se perdeu dos pais em meio ao corre-corre, ficando inerte dentro da confusão. Mas, a pior de todas as cenas é a do “proprietário” do terreno, um advogado, andando indiferente, meio aos protestos, chegando ao ponto de ofender aqueles que dele se aproximavam.
As cenas atrozes ainda estão na minha cabeça, como a de uma mulher grávida atingida por uma bomba de gás e a de uma menina que se perdeu dos pais em meio ao corre-corre, ficando inerte dentro da confusão. Mas, a pior de todas as cenas é a do “proprietário” do terreno, um advogado, andando indiferente, meio aos protestos, chegando ao ponto de ofender aqueles que dele se aproximavam.
Não sei o que me incomoda mais nessas situações,
se é o policial, que não se enxerga no pobre e defende uma elite que ele jamais
participará, tudo em nome de uma “ordem” que segue a lógica da manutenção da desigualdade.
Ou se é a forma como nós preferimos não discutir essas coisas tão mais graves e
nos apegar a debates que nos iludem, pois de importante não tem nada.
Vejam bem, sinceramente, em um país onde o
sujeito não tem direito nem a casa própria, vocês acreditam que o cargo de
presidente da comissão de direitos humanos e minorias é algo realmente
relevante? Façam-me o favor. Penso que religiosos e céticos se apegaram a esse
debate para fazer aquilo que eles mais gostam, ou seja, doutrinar suas ideias,
se exibirem, enfim.
Desculpe-me a franqueza, mas enquanto
vivermos um estado onde a grande maioria não desfruta de direito algum, fazer
chilique pelo direito das minorias é no mínimo perda de tempo, pois se não nos
vemos no todo, na classe explorada que somos, não vai ser fracionando-nos em
minorias que vamos conquistar algum respeito.
Pai de Clarice