segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Sorri Antonio!

Ninguém disse que você era de aço?

Mas já disseram que o seu sorriso era de ouro

Ninguém disse que sua autoestima era inabalável?

Mas digo que seu caráter é firme!

 

E sobre as dívidas não pagas

Sobre as palavras não ditas, mas sentidas.

Sobre o olhar de desdenho?

Sorri Antônio!

Pois o vento que leva o equilibrista a lona

É o mesmo que oferece um novo prisma,

Outras possibilidades.

A queda machuca, muito!

 

E sobre a mesa vazia

Sobre o copo seco

Sobre as ausências dos convivas.

Sorri Antônio!

Seus pais sorriram.

Seu avô um dia sorriu, você não sabe.

Não ouça tua mãe dizer: Cala esta boca menino!

Sorri Antônio!

 

A lista de motivos é grande,

A de amigos, nem tantos, mas fieis.

Você fez por merecer cada sorriso contido.

Cada aluno agradecido

Faz do seu chuveiro plateia.

Sorri Antônio!

Homem também sorri

Seja ele forte ou fraco

Qualquer Antônio sorri,

Mesmo que doa.


Porque eu estarei sorrindo com você!
 
(A. Z. Silva e Pai de Clarice)
 
 
 
 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Parabéns para mim

Eu quero um pote de doce
Uma volta na praça
Um beijo na maça do rosto
Eu quero um gosto

Eu quero som de palma batida
Poder esquecer a contagem
Zerar o relógio é pouco
Eu quero raspar massa do bolo

Cobertura ou recheio?
- Eu quero os dois!
Comer de garfo e colher
Carinho mãe e amor mulher

Eu quero esvaziar
Cantar em verso invertido
Ver meu time ganhar
Quero permissão pra gritar

Hoje eu quero hoje
Pensar dói e planejar cansa
Então eu quero rá-tim-bum

Happy birthday pra mim e obrigado to you


Pai de Clarice




sexta-feira, 3 de maio de 2013

Um abraço Zé


A partida de um parente é sempre dolorosa, a sensação de vazio ocupa todo espaço e por muitos momentos ficamos pensando o sentido das coisas e a fragilidade da existência... Até que nos confortamos,aceitamos a ideia de que o descanso e a paz eterna alcançaram aquele que amamos.

Dessa vez, quem nos deixou foi o Zé. Para mim o Tio Zé. Não me lembro exatamente a primeira vez que nos vimos, mas lembro que sempre esteve por perto da nossa família. O elo que nos unia não era de sangue, Tio Zé foi agregado a nós ao amar minha querida titia Cida. Mas, o coração se encarregou de torna-lo um dos Santos.

Quando pequeno eu adorava espera-lo, sempre que chegava trazia um chocolate ou um doce. Andava de carro em um tempo em que poucos dos que eu conhecia o fazia, com ele, experimentei carroceria de caminhonete, naquela época não era errado. Também foi ele que me levou pra pescar pela primeira vez, alias, era o seu passatempo preferido.

Das suas qualidades recordo que gostava de fartura, seus churrascos eram sempre diversificados; também tinha um senso de direção quase instintivo, podia entrar duas ou três horas mar adentro e retornar ao mesmo ponto, sem usar qualquer aparato para isso, também tinha muita habilidade para o comercio e lidar com números, típicos da sua origem portuguesa.

Com minha tia viveu o amor, aquele tipo de amor que se dá independentemente das dificuldades e entraves da vida, que supera e cria “a arte de sorrir, cada vez que o mundo diz não”, uma cumplicidade para sempre, como diria o poeta “um amor que por encanto aconteceu”, simples assim.

Do fim, não quero falar muito, a não ser que partiu rapidamente, como quem vai a padaria e já volta, sem fazer alarde. Comeu um pão de queijo, como dos vários que vendeu em sua padaria e ficou consciente até o final, com dignidade.

Tio Zé, obrigado pelos momentos que vivemos juntos, sei que encontrou o caminho do céu com a destreza que possuía para caminhos, espero ter feito o possível para mostrar o quanto era querido para nós. Que Deus o receba e que ele consiga entender seu sotaque melhor do que eu, um abraço Tio Zé.
 
 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

TÁ REGISTRADO!

Nem tudo que reluz é ouro
E seria muita inocência muié
Dizer que todo pote que TAPA É
Quando MAIS É NA verdade amido
Nem me condensa esse LEITE MOÇA
CATA O PIRIS de requeijão pra mim
Assim registrado na memória
O BOM BRILho que é lã deixou
DÁ NO NErvo bebendo yogurte
Lembrar que o PULLMAo já foi um pão
Em forma
E  que você bebeu TODINHO meu achocolatado?

Registrado, registrado
Eu quero ser nomes pra ti
Sendo assim quando quiser
Mesmo que leve tipo qualquer
Será uma versão ralé
Quando não sou perfeito
Tampouco sou mais um
Já me tornei conceito!

Pai de Clarice




quarta-feira, 27 de março de 2013

Poder para as minorias?


     Enquanto desperdiçamos nosso precioso tempo e argumento, para atacar ou defender respectivamente o pastor Marcos Feliciano e o deputado Jean Wyllys, acerca de um debate já gasto e cansativo sobre sexualidade e religiosidade, nossos governantes continuam suas atrocidades com a camada mais desprezada da nossa sociedade, a pobre.
     Quem assistiu aos telejornais ontem (26/03/2013), viu mais uma vez a tropa de choque ser utilizada para massacrar populares a fim de “reintegrar” a posse em um terreno no Jardim Iguatemi. Naquele local, encontram-se setecentas famílias que durante quase duas horas resistiram às investidas covardes da policia militar.
     As cenas atrozes ainda estão na minha cabeça, como a de uma mulher grávida atingida por uma bomba de gás e a de uma menina que se perdeu dos pais em meio ao corre-corre, ficando inerte dentro da confusão. Mas, a pior de todas as cenas é a do “proprietário” do terreno, um advogado, andando indiferente, meio aos protestos, chegando ao ponto de ofender aqueles que dele se aproximavam.
     Não sei o que me incomoda mais nessas situações, se é o policial, que não se enxerga no pobre e defende uma elite que ele jamais participará, tudo em nome de uma “ordem” que segue a lógica da manutenção da desigualdade. Ou se é a forma como nós preferimos não discutir essas coisas tão mais graves e nos apegar a debates que nos iludem, pois de importante não tem nada.
     Vejam bem, sinceramente, em um país onde o sujeito não tem direito nem a casa própria, vocês acreditam que o cargo de presidente da comissão de direitos humanos e minorias é algo realmente relevante? Façam-me o favor. Penso que religiosos e céticos se apegaram a esse debate para fazer aquilo que eles mais gostam, ou seja, doutrinar suas ideias, se exibirem, enfim.
      Desculpe-me a franqueza, mas enquanto vivermos um estado onde a grande maioria não desfruta de direito algum, fazer chilique pelo direito das minorias é no mínimo perda de tempo, pois se não nos vemos no todo, na classe explorada que somos, não vai ser fracionando-nos em minorias que vamos conquistar algum respeito.

Pai de Clarice







sábado, 9 de fevereiro de 2013

Pessoas não são lagartas

    Nestes últimos dias, duas postagens de pessoas próximas, contendo um mesmo pensamento, me fez remoer e relembrar a minha posição sobre uma determinada questão acerca dos seres humanos. Pois bem, a frase citada é a seguinte:
Quem acredita em mudança é dono de transportadora”
    Assim dita, direta e reta, é uma afirmação forte e até contraditória em muitos aspectos, porém, penso que as coisas não podem ser resumidas de maneira tão simples, mas em grande parte concordo com a oração.
    Não posso negar que sou um esperançoso convicto, e por um lado, acho que ninguem morre da mesma forma a qual estreiou neste palco da vida, acredito na melhora do homem, em arrependimento,  crescimento e principalmente em aprendizagens. Tudo isso na area objetiva da vida, nos gestos e ações, porém, desconfio de que um individuo mude sua forma de sentir. Explico, creio por exemplo, ser possivel um fumante para de fumar, pois se trata de um vicio do corpo, porém, penso que viverá o resto da vida tentado a fumar, será um fumante latênte, em conflito consigo mesmo.
    Esse é só um exemplo qualquer e preconceituoso, mas foi o caminho curto que encontrei para tentar explicar como penso. Na verdade o que me aflige é ver muita gente esperar mudanças de pessoas que elas conheceram exatamente como são, sem mascaras, como se pelo seu desejo externo ela pudesse modelar o outro ao seu gosto. Pior, vejo pessoas acreditando que atitudes suas e fatos da vida mudarão o outro, o amadurecerá, o lapidará, o transformará...balela!
     Posso estar sendo cruel, em todo caso penso que as vezes é melhor deixar de esperar determinadas mudanças nos outros e fazer o movimento contrário, pessoas não são lagartas para virar borboletas. Então mudar as nossas perspectivas sobre o outro é uma  alternativa, pois a frustração geralmente nasce mais da nossa esperança gratuita do que da promessa alheia.
    Sei lá, só sinto estar vendo muita gente esperar morangos em pés de bananeira.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Clarice: Preciso falar de você!


    Existem textos que escrevemos umas mil vezes. Quase sempre penso (na verdade sei) que poderia me expressar melhor, falar mais bonito e coerente, enfim, o escrito nunca parece tão bom. Mas no caso deste texto-apelo, tive que aceitá-lo assim, depois de entender que jamais explicaria a sublime sensação que as emoções me proporcionaram e tampouco conseguiria fazer uma homenagem ajustada a um anjo.
    Veja bem, no dia dezesseis de Janeiro, exatamente as dezoito e vinte quatro, fui demolido, isso mesmo, imagina uma implosão humana, foi exatamente o que me sucedeu. Desde então tenho tentado achar as palavras que se ajustem e expliquem tudo que senti ao ver Clarice me ver, mas, ainda venho me remontando, emudecido, sou um homem-amor em construção, que só sabe sentir.
Minha filha! Apelo-te:
    “Clarice me devolva as palavras para que eu possa dizer o quanto você me faz renascer a cada choro na madrugada, o quanto me sinto humano ao embalar seu sono, ou a falta dele. Me ajuda a mostrar que não existe segundo mais feliz no mundo que aquele quando eu chego do trabalho e te encontro em paz, essa que você me oferta tão generosamente. Me ajuda a me mostrar, pra que saibam que com você existe mais esperança.
Meu anjinho me ensina a agradecer sua mãe, essa guerreira que tão bravamente fez o tudo necessário para te receber e até agora não consegui dizer o quanto a admiro e me orgulho por isso, me dê voz, eu quero um grito com tradução pra todos os povos, mas não tenho som, só tenho ternura, como se quisesse amar o mundo te amando, nos expondo em segredo e a salvo, minha Clarice...”
    Enfim, talvez, daqui alguns anos, eu me aproxime, encontre no vocabulário os verbos  que preciso, quem sabe até lá Clarice já poderá lê-las, ou talvez não. Melhor, pode ser que quando Clarice aprender a escrever eu a peça para me reensinar, pra que eu possa dizer para ela o como é lindo ser teu pai.
    Por fim, lhes deixo meu silêncio.

Pai de Clarice.