sábado, 9 de fevereiro de 2013

Pessoas não são lagartas

    Nestes últimos dias, duas postagens de pessoas próximas, contendo um mesmo pensamento, me fez remoer e relembrar a minha posição sobre uma determinada questão acerca dos seres humanos. Pois bem, a frase citada é a seguinte:
Quem acredita em mudança é dono de transportadora”
    Assim dita, direta e reta, é uma afirmação forte e até contraditória em muitos aspectos, porém, penso que as coisas não podem ser resumidas de maneira tão simples, mas em grande parte concordo com a oração.
    Não posso negar que sou um esperançoso convicto, e por um lado, acho que ninguem morre da mesma forma a qual estreiou neste palco da vida, acredito na melhora do homem, em arrependimento,  crescimento e principalmente em aprendizagens. Tudo isso na area objetiva da vida, nos gestos e ações, porém, desconfio de que um individuo mude sua forma de sentir. Explico, creio por exemplo, ser possivel um fumante para de fumar, pois se trata de um vicio do corpo, porém, penso que viverá o resto da vida tentado a fumar, será um fumante latênte, em conflito consigo mesmo.
    Esse é só um exemplo qualquer e preconceituoso, mas foi o caminho curto que encontrei para tentar explicar como penso. Na verdade o que me aflige é ver muita gente esperar mudanças de pessoas que elas conheceram exatamente como são, sem mascaras, como se pelo seu desejo externo ela pudesse modelar o outro ao seu gosto. Pior, vejo pessoas acreditando que atitudes suas e fatos da vida mudarão o outro, o amadurecerá, o lapidará, o transformará...balela!
     Posso estar sendo cruel, em todo caso penso que as vezes é melhor deixar de esperar determinadas mudanças nos outros e fazer o movimento contrário, pessoas não são lagartas para virar borboletas. Então mudar as nossas perspectivas sobre o outro é uma  alternativa, pois a frustração geralmente nasce mais da nossa esperança gratuita do que da promessa alheia.
    Sei lá, só sinto estar vendo muita gente esperar morangos em pés de bananeira.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Clarice: Preciso falar de você!


    Existem textos que escrevemos umas mil vezes. Quase sempre penso (na verdade sei) que poderia me expressar melhor, falar mais bonito e coerente, enfim, o escrito nunca parece tão bom. Mas no caso deste texto-apelo, tive que aceitá-lo assim, depois de entender que jamais explicaria a sublime sensação que as emoções me proporcionaram e tampouco conseguiria fazer uma homenagem ajustada a um anjo.
    Veja bem, no dia dezesseis de Janeiro, exatamente as dezoito e vinte quatro, fui demolido, isso mesmo, imagina uma implosão humana, foi exatamente o que me sucedeu. Desde então tenho tentado achar as palavras que se ajustem e expliquem tudo que senti ao ver Clarice me ver, mas, ainda venho me remontando, emudecido, sou um homem-amor em construção, que só sabe sentir.
Minha filha! Apelo-te:
    “Clarice me devolva as palavras para que eu possa dizer o quanto você me faz renascer a cada choro na madrugada, o quanto me sinto humano ao embalar seu sono, ou a falta dele. Me ajuda a mostrar que não existe segundo mais feliz no mundo que aquele quando eu chego do trabalho e te encontro em paz, essa que você me oferta tão generosamente. Me ajuda a me mostrar, pra que saibam que com você existe mais esperança.
Meu anjinho me ensina a agradecer sua mãe, essa guerreira que tão bravamente fez o tudo necessário para te receber e até agora não consegui dizer o quanto a admiro e me orgulho por isso, me dê voz, eu quero um grito com tradução pra todos os povos, mas não tenho som, só tenho ternura, como se quisesse amar o mundo te amando, nos expondo em segredo e a salvo, minha Clarice...”
    Enfim, talvez, daqui alguns anos, eu me aproxime, encontre no vocabulário os verbos  que preciso, quem sabe até lá Clarice já poderá lê-las, ou talvez não. Melhor, pode ser que quando Clarice aprender a escrever eu a peça para me reensinar, pra que eu possa dizer para ela o como é lindo ser teu pai.
    Por fim, lhes deixo meu silêncio.

Pai de Clarice.