sexta-feira, 3 de maio de 2013

Um abraço Zé


A partida de um parente é sempre dolorosa, a sensação de vazio ocupa todo espaço e por muitos momentos ficamos pensando o sentido das coisas e a fragilidade da existência... Até que nos confortamos,aceitamos a ideia de que o descanso e a paz eterna alcançaram aquele que amamos.

Dessa vez, quem nos deixou foi o Zé. Para mim o Tio Zé. Não me lembro exatamente a primeira vez que nos vimos, mas lembro que sempre esteve por perto da nossa família. O elo que nos unia não era de sangue, Tio Zé foi agregado a nós ao amar minha querida titia Cida. Mas, o coração se encarregou de torna-lo um dos Santos.

Quando pequeno eu adorava espera-lo, sempre que chegava trazia um chocolate ou um doce. Andava de carro em um tempo em que poucos dos que eu conhecia o fazia, com ele, experimentei carroceria de caminhonete, naquela época não era errado. Também foi ele que me levou pra pescar pela primeira vez, alias, era o seu passatempo preferido.

Das suas qualidades recordo que gostava de fartura, seus churrascos eram sempre diversificados; também tinha um senso de direção quase instintivo, podia entrar duas ou três horas mar adentro e retornar ao mesmo ponto, sem usar qualquer aparato para isso, também tinha muita habilidade para o comercio e lidar com números, típicos da sua origem portuguesa.

Com minha tia viveu o amor, aquele tipo de amor que se dá independentemente das dificuldades e entraves da vida, que supera e cria “a arte de sorrir, cada vez que o mundo diz não”, uma cumplicidade para sempre, como diria o poeta “um amor que por encanto aconteceu”, simples assim.

Do fim, não quero falar muito, a não ser que partiu rapidamente, como quem vai a padaria e já volta, sem fazer alarde. Comeu um pão de queijo, como dos vários que vendeu em sua padaria e ficou consciente até o final, com dignidade.

Tio Zé, obrigado pelos momentos que vivemos juntos, sei que encontrou o caminho do céu com a destreza que possuía para caminhos, espero ter feito o possível para mostrar o quanto era querido para nós. Que Deus o receba e que ele consiga entender seu sotaque melhor do que eu, um abraço Tio Zé.