Existem textos que escrevemos
umas mil vezes. Quase sempre penso (na verdade sei) que poderia me expressar
melhor, falar mais bonito e coerente, enfim, o escrito nunca parece tão bom.
Mas no caso deste texto-apelo, tive que aceitá-lo assim, depois de entender que
jamais explicaria a sublime sensação que as emoções me proporcionaram e
tampouco conseguiria fazer uma homenagem ajustada a um anjo.
Veja bem, no dia dezesseis de
Janeiro, exatamente as dezoito e vinte quatro, fui demolido, isso mesmo, imagina
uma implosão humana, foi exatamente o que me sucedeu. Desde então tenho tentado
achar as palavras que se ajustem e expliquem tudo que senti ao ver Clarice me
ver, mas, ainda venho me remontando, emudecido, sou um homem-amor em construção,
que só sabe sentir.
Minha filha! Apelo-te:
“Clarice me devolva as palavras
para que eu possa dizer o quanto você me faz renascer a cada choro na
madrugada, o quanto me sinto humano ao embalar seu sono, ou a falta dele. Me
ajuda a mostrar que não existe segundo mais feliz no mundo que aquele quando eu
chego do trabalho e te encontro em paz, essa que você me oferta tão generosamente.
Me ajuda a me mostrar, pra que saibam que com você existe mais esperança.
Meu anjinho me ensina a agradecer
sua mãe, essa guerreira que tão bravamente fez o tudo necessário para te
receber e até agora não consegui dizer o quanto a admiro e me orgulho por isso,
me dê voz, eu quero um grito com tradução pra todos os povos, mas não tenho som,
só tenho ternura, como se quisesse amar o mundo te amando, nos expondo em
segredo e a salvo, minha Clarice...”
Enfim, talvez, daqui alguns anos,
eu me aproxime, encontre no vocabulário os verbos que preciso, quem sabe até lá Clarice já
poderá lê-las, ou talvez não. Melhor, pode ser que quando Clarice aprender a
escrever eu a peça para me reensinar, pra que eu possa dizer para ela o como é
lindo ser teu pai.
Por fim, lhes deixo meu silêncio.
Pai de Clarice.
amei!!! inexplicável.
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