sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Clarice: Preciso falar de você!


    Existem textos que escrevemos umas mil vezes. Quase sempre penso (na verdade sei) que poderia me expressar melhor, falar mais bonito e coerente, enfim, o escrito nunca parece tão bom. Mas no caso deste texto-apelo, tive que aceitá-lo assim, depois de entender que jamais explicaria a sublime sensação que as emoções me proporcionaram e tampouco conseguiria fazer uma homenagem ajustada a um anjo.
    Veja bem, no dia dezesseis de Janeiro, exatamente as dezoito e vinte quatro, fui demolido, isso mesmo, imagina uma implosão humana, foi exatamente o que me sucedeu. Desde então tenho tentado achar as palavras que se ajustem e expliquem tudo que senti ao ver Clarice me ver, mas, ainda venho me remontando, emudecido, sou um homem-amor em construção, que só sabe sentir.
Minha filha! Apelo-te:
    “Clarice me devolva as palavras para que eu possa dizer o quanto você me faz renascer a cada choro na madrugada, o quanto me sinto humano ao embalar seu sono, ou a falta dele. Me ajuda a mostrar que não existe segundo mais feliz no mundo que aquele quando eu chego do trabalho e te encontro em paz, essa que você me oferta tão generosamente. Me ajuda a me mostrar, pra que saibam que com você existe mais esperança.
Meu anjinho me ensina a agradecer sua mãe, essa guerreira que tão bravamente fez o tudo necessário para te receber e até agora não consegui dizer o quanto a admiro e me orgulho por isso, me dê voz, eu quero um grito com tradução pra todos os povos, mas não tenho som, só tenho ternura, como se quisesse amar o mundo te amando, nos expondo em segredo e a salvo, minha Clarice...”
    Enfim, talvez, daqui alguns anos, eu me aproxime, encontre no vocabulário os verbos  que preciso, quem sabe até lá Clarice já poderá lê-las, ou talvez não. Melhor, pode ser que quando Clarice aprender a escrever eu a peça para me reensinar, pra que eu possa dizer para ela o como é lindo ser teu pai.
    Por fim, lhes deixo meu silêncio.

Pai de Clarice.





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