Quando menino uma das minhas atrações favoritas na televisão
era a “Porta dos desesperados”, quadro de um programa nada politicamente
correto (a começar pelo nome), “A hora do capeta”, apresentado pelo amado e odiado
Sergio Malandro. Enfim, era um quadro simples, no qual um participante do
programa era chamado ao palco e provocado pelo apresentador a fazer diversas
ações, como se jogar no chão, gritar, rolar e etc. Tudo isso, para ter a chance
de escolher entre quatro portas, das quais somente uma escondia um premio e as
demais continham criaturas e monstros assustadores. Cá entre nós, pra quem
estava do lado de fora da TV, torcíamos para vir o monstro.
Lembrei-me desse quadro ao acompanhar as ultimas noticias
referentes ao ex-presidente Lula. Veja bem, Sergio Moro vem descarregando uma
série de delações premiadas e indícios que provavelmente vão levar o Lula Silva
a sua segunda condenação. Pois bem, não estou aqui para definir culpa, defender
um lado ou promover outro. Na minha humildíssima opinião as acusações são verídicas,
crimes sim, indefensáveis e cometidos na perspectiva da impunidade até então
natural e quase inerente a classe política.
Mas o que mais me preocupa e aqui vou tentar fazer a ligação
entre os dois parágrafos acima é que Lula não está mais lá e tudo que emergiu
ao poder após ele parece ter cometido os mesmos tipos de delitos e pior,
passando impune, violentando os trabalhadores e arrochando os descamisados. Trouxeram
também um quê de fascismo, obscureceram as perspectivas, deixamos novamente de
comprar casa, de cursar faculdade e sequer emprego se tem. Luís tem sua parcela
de culpa nisso também, fato.
Porém, com a aproximação das eleições e a falta de novas
possibilidades (a esquerda se mostra inábil a produzir figuras capazes de
arrebatar as esperanças e a direita apela ao extremismo “boçalnariano”) começo
a vislumbrar Serginho Malandro pedindo aos eleitores que gritem, pulem, se
joguem no chão e etc. E que no fim das contas, entre os monstros escondidos atrás
de cada porta, Lula acabe se parecendo com o Gorila e que entre as bizarrices
que podem saltar a nossa frente se torne o menos assustador.
O fato é que atras dessas portas, não há premio escondido!