Amanha é o dia da eleição mais “cornetada”
dos últimos tempos em terras tupiniquins, isso tudo graças às redes sociais que
se democratizaram e estão nas casas de muitos brasileiros. Percebo entre
meus amigos quais muitos diziam odiar a política, que hoje posicionam, se expõe
e alguns até arriscam colocações especialistas com comentários abalizados por
personalidades e etc. Mas não estou aqui para fazer criticas ou elogios aos
meus convivas, mas sim, para deixar minha opinião sobre o que pode levar cada
um a decidir o seu voto.
Como já falei no titulo deste texto
creio que cada indivíduo vota com a sua história de vida, pois apesar do Brasil
ter levado mais de quinhentos anos para se configurar como hoje está e de não
podermos reduzir seus fracassos e sucessos aos últimos vinte anos (PSDB/PT) é impossível
desvincular aquilo que vivemos em nossos dias recentes na escolha nas urnas de
amanha.
Então vou falar um pouco da minha
história partícula e nuclear, que envolve alguns de meus parentes, amigos e
vizinhos. E entendam, explicar meu voto não significa que este seja um texto de
militância:
“Pois bem, em 2001 terminei os meus estudos no
colégio estadual Apparecida Rahal,
naquele momento universidade não era um objeto muito plausível para pessoas na
minha condição financeira, mesmo assim arrisquei-me a fazer algumas pesquisas.
Fui até a Unicastelo (a mais acessível e próximo a minha residência), estava
interessado em biologia, mas quando recebi o folder,minhas poucas esperanças
desceram ralo abaixo. O preço era algo em torno de R$ 380,00 a mensalidade, já
o meu salário de trabalhador informal (pois era assim que muitos jovens
ingressavam no mercado de trabalho nestes tempos) era dez reais acima do mínimo
quase R$ 180,00. A outra opção era a universidade pública, mas sabemos das condições
desleais que um jovem formado nas escolas estaduais sofre para competir com os
alunos dos grandes colégios particulares, reforçados por Anglos e Objetivos.
Fora isso, as condições na minha família
também não eram das melhores, em casa éramos seis, meu pai, minha mãe e três irmãs
mais velhas. Neste período, das minhas três irmãs, duas estavam desempregadas e
quando arranjavam algo era geralmente temporário. Meu pai sustentava a casa com
seu salário baixo e possuía um carro de 1984. Se a economia estava estável por
um lado, com baixa inflação, por outro o nosso poder de compra era irrisório,
bolacha, frios, danones e chocolates, esquece! A dispensa nunca ficou vazia
graças a meu pai que sempre prezou por não faltar nada do básico (coisa de orgulho
nordestino), mas de resto era um sufoco.
Pois assim tocamos a vida nestes
tempos difíceis e tivemos de esperar dias melhores, não sei se pra você que lê estes
dias chegaram, mas para minha família vieram. Em 2009 consegui em fim ingressar
na universidade, a mesma Unicastelo que procurei anos atrás, só que agora eu tinha
uma avaliação do Prouni e um salário acima de uma mensalidade escolar, pagando metade do preço, não foi fácil, mas me
tornei pedagogo. Porém, o mais legal para mim não foi essa conquista e sim ver
ano passado o meu sobrinho de dezessete terminar o ensino médio e ingressar
direto na universidade, sem essa demora e perda de tempo que eu e minhas irmãs tivemos
(as três hoje estão cursando).
Seria egoísmo demais olhar
somente fechado para o nosso umbigo, mas tenho vizinhos que partilharam na
mesma situação a mesma condição e hoje alguns são engenheiros, outros
nutricionistas e etc. Andam de carro zero, comem o que tem vontade, pagam sua
casa ou apartamento como eu (tive subsidio federal para isto), e por ai vai.”
Esse relato é um pouco das coisas
que vi e vivi nestes últimos anos, percebo que nem tudo foram flores e merecíamos
estar tendo um segundo turno amanha muito mais interessante do que se
configurou. Mas, entre as opções que sobraram, jamais poderia ir contra a minha
história, estarei com o PT e Dilma, mesmo com ressalvas e observações. Poderia
ficar horas e inúmeras linhas falando das diferenças que encontro na minha vida
de pobre hoje e a de pobre de quinze anos atrás, mas não tenho todo esse
direito de lhes roubar tanto tempo assim. Também poderia falar como professor e a forma que o PSDB desrespeita e agride a nossa categoria, etc.
Em suma, escrevi este texto para
dizer que ficarei muito feliz se a minha convicção se confirmar com mais de
cinquenta por cento das urnas amanha, porém o motivo maior é dizer que caso
isso não aconteça eu respeitarei a democracia e não lançarei mão de criticas
aqueles que não concordaram comigo, nem ficarei juntando pedras para tacar-lhes
ao primeiro erro do seu candidato. Porém, peço o mesmo respeito aos meus
adversários de urna, respeitem a história de cada um caso seu voto não esteja do lado vencedor, se
isso acontecer é por que talvez a sua história e sua opinião não são compatíveis
com a historia e opinião daqueles que votaram do outro lado.
Um abraço!
Pai de Clarice