quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Aqui cabem Dois!


No estado êxtase que ando ultimamente, somente as coisas absurdas consegue abduzir-me para momentos de realidade. Ou algo me chama atenção por ser extremamente bom, ou ruim. Infelizmente, acompanhei uma entrevista de certo “empresário/apresentador/cantor” em um programa vespertino recheada de receitas para a vida conjugal, sobretudo para um casamento feliz.

Dentre as grandes ideias apresentadas pelo cidadão em questão, uma me chamou muita atenção. Defendia ele que a intimidade e individualidade são pontos vitais da vida a dois e que o ideal seria que todo o casal tivesse um toalete individual, isso mesmo, um banheiro para o homem e um para a mulher, segundo ele, esse detalhe garante a privacidade e mantém certa imagem intacta do outro.

Devo dizer que os argumentos que ele utilizava tinham como base principal o individualismo, a premissa de que a divisão das coisas e dos espaços são destrutivos. Na verdade até a descoberta do outro como ser humano, dotado de defeitos, qualidades, necessidades e sentidos, são fatores de desencanto e rompimentos.

Ao ouvir tais “conselhos” me lancei ao Google e constatei que segundo dados do IBGE 2012 nas áreas urbanas do país entre 20% a 25% da população não recebe serviços de saneamento básico (contando agua encanada e esgoto tratado), enquanto nas áreas rurais menos de 30%. O que me leva a crer que uma simples latrina já pode ser vista como artigo de luxo para mais da metade da população brasileira. Será então o fim das uniões?

Chega a ser cômico. Pois quanto mais formulas e requintes propõem para a nossa vida, mais conseguem complicá-la. Viemos de uma cultura coletivista, criada justamente pela necessidade do mutuo-auxilio, nossa própria existência depende daquele grupo que nos cerca e isso inclui esposa (o) e filhos, pais, amigos, etc.

A pergunta que perseguiu meus pensamentos o resto da tarde foi a seguinte, será mesmo que é preciso abrir distancia do outro para se aproximar dele? Parece-me um paradoxo. Prefiro acreditar que existem coisas mais essencial em um relacionamento, como cuidado e reciproca, o cultivo do amor por aquele outro, que reconhecidamente se mostra humano para nós. Sinceramente: Eu divido o meu banheiro!

Pai de Clarice

Um comentário:

  1. Sinceramente....não quero um banheiro só pra mim,não sou hipócrita e gosto de dividir as coisas afinal é tão bom rs.

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